23.02Oscar 2009 - um balanço pretensioso
17 acertos em 21 apostas - nunca fui tão bem de palpites sobre vencedores do Oscar.
Fui traído pela certeza da vitória de Mickey Rourke, subestimei o poder de “Milionário” em mixagem de som, superestimei o roteiro original de “Na Mira do Chefe” e, como o mundo todo, errei o filme em língua estrangeira. Acertei filme, direção, ator coadjuvante, atriz, atriz coadjuvante, longa de animação, roteiro adaptado, direção de arte, fotografia, figurino, documentário - longa, montagem, maquiagem, trilha sonora, canção, edição de som e efeitos especiais.
Não que eu tenha estudado a fundo os candidatos e acompanhado de perto outras premiações. A resposta é mais simples, como observou o Chico: o Oscar 2009 foi absolutamente previsível na revelação dos vencedores. Só me peguei esboçando uma reação - qualquer reação - quando os japoneses subiram ao palco e, principalmente, quando Sean Penn venceu. Isso porque eu torcia por Rourke, mas sempre soube que Harvey Milk tinha tantas chances de vitória quanto Randy The Ram.
Esta deve ser a décima quinta cerimônia do Oscar que acompanho até o fim. Não chegou a ser a mais previsível de todas (alguém NÃO se lembra da chatice que foi ver “Titanic” ganhar absolutamente tudo em 1998?), nem a mais entediante. Mas foi, com boa dose de certeza, a mais diferente.
Foram anos seguidos de queda de audiência até a Academia notar que a trinca piadinhas-discursos-canções havia se transformado em um dos soníferos mais eficazes da TV. Em 2009, a força-tarefa montada para alavancar os índices incluiu a escalação de um galã simpático (Hugh Jackman), mudanças no velho esquema de apresentação dos indicados, aposta no humor “de grife” e juvenil e mistério, muito mistério.
Numa tentativa de forçar os espectadores a ligarem a TV, agências de imagem, a pedido da Academia, embargaram fotos da cerimônia até o fim da premiação. Nenhum portal pôde publicar fotografias do interior do Kodak Theatre até Hugh Jackman dar tchau. Dentro da mesma proposta de obrigar o espectador a acompanhar a festa inteira pela TV, poucos nomes de apresentadores foram revelados. A ordem de entrada deles no palco continuou uma incógnita até o começo do show. Se a sua priminha fã de “Crepúsculo” quisesse ver Robert Pattinson, teria de engolir umas boas duas horas de cerimônia.
No humor, mais mudanças. Jackman fez poucas piadas e concentrou-se em seus números musicais - o único bem sacado, ainda que inofensivo, foi o da abertura, com versões “pobres” dos longas indicados. Já a homenagem aos musicais de Hollywood comandada por Baz Luhrmann nos fez lembrar que o Oscar, mesmo quando um tiquinho diferente, continua a ser o Oscar.
Judd Apatow, provavelmente o principal nome da comédia americana hoje, expandiu sua grife com um segmento estrelado por Seth Rogen e James Franco. Nada memorável, mas o mais próximo que o um quadro do Oscar chegará um dia de uma esquete do MTV Movie Awards (os personagens de Rogen e Franco estavam emaconhados, lembre-se).
A MTV, aliás, parece ter sido descoberta pelos produtores com uns 20 anos de atraso. Os clipes dos filmes de ação, comédia e romance exibidos ao longo da festa tiveram Coldplay e The Hives como trilha sonora e uma montagem com cara de ter sido realizada por algum ex-estagiário da ex-emissora musical.
Pra mim, a novidade mais interessante foi a introdução de “padrinhos” e “madrinhas” nas categorias de atuação. A apresentação personalizada de cada um dos indicados alongou a cerimônia, mas permitiu que nomes como Shirley MacLaine e Joel Grey ressurgissem do lugar a que foram relegados depois de terem levado o carequinha dourado para casa. Ver a veterana MacLaine arrancar lágrimas da jovenzinha Anne Hathaway valeu a noite.
As mudanças, pelo visto, surtiram efeito: segundo a Variety, a audiência da festa deste ano subiu 6% em relação à do ano passado, quando os índices de televisores ligados na cerimônia bateram recordes negativos.
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Ah, sim: a lavada de “Quem Quer Ser Um Milionário?” - oito estatuetas em dez indicações - tem sido interpretada como um sinal de boas-vindas que a meca do cinema dá à Bollywood, prima pobre e ainda mais prolífica. Não discordo. Mas, se Hollywood é amiga, é daquelas que só aparecem quando “precisam de uma forcinha”. Em tempos de recessão, o magérrimo modelo de negócios do cinema indiano - produções baratas, audiência duas vezes maior - parece atraente demais para uma indústria obesa, atolada em produções caríssimas e desesperada com a pirataria.
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Last, but not least: Ben Stiller tirando um sarro do sarrista Joaquin Phoenix foi engraçado, mas culhões pra sacanear Christian “Fucking” Bale ninguém teve, né?
Realmente, o Oscar ficou bem parecido com o MTV Movie Awards. Mas acho que foi uma mudança superficial, que não alterou o script tradicional da cerimônia. Não gostei muito da ideia dos cinco apresentadores rasgando seda pros indicados… Ficou parecendo discurso do Pedro Bial em paredão de Big Brother.
Fiquei bastante entediado com o Jackman. Quero os apresentadores sarcásticos de volta.
February 24th, 2009 at 8:35 am
Me deu vergonha alheia ver o Hopkins falando pro Pitt. Quem foi o maluco que indicou o cara pra melhor ator?!
O melhor, na minha opinião, foi a não premiação do [chatérrimo] B. Button e da Angelina Jolie, que, por sinal, foi justamente o ponto fraco do filme do Clint. Não entendi até agora o que ela e o sr. Jolie estavam fazendo lá! Esse casal não tem que cuidar de 10 crianças?
Foi mesmo bastante previsível, e, das categorias principais, acho que só não engoli o da Penélope Cruz, embora goste muito dela.
February 25th, 2009 at 9:23 pm
so n gostei de a winslet ter ganho como principal por ”o leitor” . Maryl deveria ter ganho por ”A dúvida” isso foi um erro da academia.
March 28th, 2009 at 7:49 pm
muito legau
February 6th, 2010 at 11:17 am